A palavra “comunidade” tem muitos significados, e cada pessoa pode entendê-la de forma diferente. Fora A palavra “comunidade” tem muitos significados, e cada pessoa pode entendê-la de forma diferente. Fora do marketing, geralmente pensamos em bairros ou grupos locais. Mas como ferramenta de crescimento, a ideia de construir comunidades começou a ganhar força apenas no século 21 — e, hoje, é um dos ativos mais valiosos que uma marca pode cultivar.

Quando criei minha própria comunidade, chamada Women in Tech SEO (WTS), eu nem usava o termo “comunidade”. Preferia chamar de “grupo” ou “rede” — mas nenhum desses termos parecia certo. À medida que o marketing de comunidade se tornou mais reconhecido, percebi que era exatamente isso que estávamos construindo. A palavra “comunidade” finalmente fez sentido.

O que é uma comunidade?

Uma comunidade é muito mais do que uma audiência ou uma base de seguidores. Enquanto a audiência escuta, consome e responde, uma comunidade contribui, compartilha e constrói em conjunto.

Comunidades nascem da necessidade de pertencimento. E isso pode acontecer em torno de diversos pontos de conexão:

  • Um valor compartilhado (como sustentabilidade, inovação, inclusão)
  • Um setor de atuação (como design, tecnologia, educação)
  • Um objetivo comum (como aprender uma nova habilidade ou crescer profissionalmente)
  • Um problema que todos enfrentam (como a falta de representatividade ou barreiras de entrada em um mercado)

O elemento essencial é o compromisso mútuo. Uma comunidade só existe quando as pessoas não estão ali apenas para receber, mas também para contribuir.

Comece com o “por quê”

Antes de abrir um grupo, criar um fórum ou iniciar eventos, é fundamental responder: por que essa comunidade precisa existir?

Sem um propósito claro, tudo se torna frágil: a cultura da comunidade, o tipo de conteúdo produzido, as conexões entre os membros e até a longevidade da iniciativa.

Esse “porquê” deve ser simples, profundo e centrado nas pessoas. No caso da WTS, por exemplo, o objetivo era criar um espaço seguro para que mulheres em SEO pudessem se apoiar, compartilhar experiências e se desenvolver. O propósito nunca foi monetário — foi humano.

Esse foco norteia tudo: quem entra, o que se publica, quais regras são criadas, quais convites são feitos.

Crescimento consciente

Há uma armadilha comum no marketing: associar crescimento rápido ao sucesso inevitável. Mas com comunidades, o crescimento descontrolado pode destruir o que há de mais valioso — a sensação de conexão autêntica entre os membros.

Crescer rápido demais pode:

  • Despersonalizar as interações
  • Aumentar conflitos ou ruídos internos
  • Tornar a moderação difícil ou ineficaz
  • Diluir a cultura e os valores centrais

Por isso, pense em crescimento intencional. Isso significa criar limites claros, como aprovação manual de membros, códigos de conduta bem definidos e ações de acolhimento para novos participantes.

Comunidades de alto valor não são apenas numerosas — são densamente conectadas, com laços fortes e confiança mútua.

Cultura e moderação: a espinha dorsal da comunidade

Uma comunidade é moldada pela cultura que cultiva. E cultura não é algo que se impõe — é algo que se vive.

Desde o primeiro contato, os membros devem perceber o tom da comunidade: respeitoso, colaborativo, construtivo. A moderação é peça-chave nisso. Não basta remover comportamentos tóxicos — é preciso recompensar comportamentos positivos.

Algumas práticas úteis:

  • Criar espaços de escuta ativa
  • Estabelecer princípios (não apenas regras)
  • Reconhecer publicamente contribuições significativas
  • Oferecer canais para feedback contínuo

Comunidades bem moderadas têm menos conflitos, maior retenção e mais engajamento de longo prazo.

Engajamento e pertencimento

Métricas como curtidas e visualizações não são suficientes para medir o sucesso de uma comunidade. O verdadeiro engajamento aparece quando os membros:

  • Iniciam conversas sem serem provocados
  • Ajudam uns aos outros espontaneamente
  • Compartilham vulnerabilidades e vitórias pessoais
  • Convidam outras pessoas a participarem

Esse é o sinal de que existe pertencimento. E pertencimento não se compra nem se força — se cultiva.

Crie rituais, celebre histórias reais, estimule a colaboração. Permita que os membros deixem suas marcas no espaço que você construiu.

A comunidade como estratégia de marketing

Construir comunidade não é um “canal” como e-mail, ads ou redes sociais. É um ecossistema de relacionamento contínuo. E, nesse ecossistema, a marca deixa de ser a protagonista — e se torna facilitadora.

Marcas que investem em comunidade colhem:

  • Lealdade duradoura: porque confiança se constrói no tempo
  • Prova social autêntica: quando membros compartilham resultados e experiências espontaneamente
  • Inovação participativa: via escuta ativa e co-criação de produtos ou serviços
  • Crescimento orgânico: por meio de recomendações e boca a boca confiável

Mas para isso acontecer, é preciso se comprometer. Comunidade exige tempo, escuta, presença e empatia. Não é uma campanha com começo, meio e fim — é uma relação viva.

Como começar: ações práticas

Se você quer iniciar uma comunidade com base sólida, aqui estão alguns passos essenciais:

  1. Defina o propósito com clareza
    → O que as pessoas vão ganhar ao estarem juntas?
  2. Escolha um formato de início simples
    → Pode ser um grupo fechado, uma newsletter com troca ativa ou uma série de encontros.
  3. Construa com, não para
    → Convide os primeiros membros a co-criar o espaço com você.
  4. Cultive presença constante
    → Comunidades não crescem sozinhas; elas precisam de cuidado.
  5. Documente e celebre
    → Mostre os avanços, conte as histórias, dê visibilidade aos membros.

Conclusão

Antes de pensar em eventos, plataformas ou campanhas, encontre o seu “porquê”. Ele será o alicerce da sua comunidade.

Com um propósito claro, valores compartilhados e um espaço verdadeiramente acolhedor, sua comunidade poderá se tornar muito mais do que um projeto de marketing — será uma força transformadora, para a marca e para as pessoas que fazem parte dela.