Tendências de marketing para 2026: a grande “unshittification” já começou

Fake está fora. Ser rápido é chato. Estar perfeitamente refinado é um alerta vermelho.

Bem-vindo a 2026 — onde intencionalidade, escapismo e a criatividade humana de fato assumem o protagonismo.

Se 2025 foi o ano em que flertamos com “ser humano”, 2026 é quando nos comprometemos de fato. A era de produzir conteúdo para perseguir algoritmos chegou ao fim.

Unshittification

Um termo para desintoxicar o marketing barato e sem alma. Chega de tolerar conteúdos que parecem cópias de cópias, gerados por bots, aprovados por comitês e esquecidos por todos.

Vamos ser sinceros — o público está cansado. A fadiga de rolagem é real. As redes sociais agora parecem mais TV passiva do que conexão. Os comentários caíram, os prazos de atenção estão microscópicos, e engajamento? Quase uma cidade-fantasma. Mas o conteúdo em si? Continua em demanda — apenas não esse tipo.

O que vem a seguir é um resumo dos principais aprendizados sobre tendências de marketing e conteúdo para 2026.


O que muda em 2026

1. Menos performance, mais propósito

Chega de obsessão por métricas vazias e alcance infinito. Em 2026, as marcas que prosperam são as que demonstram clareza de propósito, que conseguem causar significado e conectar com as pessoas. Os traços superficiais foram descartados.

2. Autenticidade como novo luxo

O público não quer perfeição — quer honestidade. Mostrar bastidores, vulnerabilidade, falhas e evolução ressoa mais que produções impecáveis demais. A confiança se constrói no terreno da transparência, não no espelho da perfeição.

3. Criatividade humana sobre automação total

A automação, IA e ferramentas são cada vez mais parte do kit básico. Mas o que vai separar as marcas é quem sabe usar essas ferramentas para destacar originalidade humana. Em 2026, a promessa não é substituir criadores, mas amplificá-los.

4. A prioridade dos canais próprios e intimidade

Com algoritmos instáveis e alcance orgânico cada vez mais imprevisível, marcas vão investir mais em canais próprios: newsletters, comunidades, eventos exclusivos, apps de marca. A ideia: cultivar relação direta, em vez de depender de redes que você não controla.

5. Conteúdo “menos, mas melhor”

Em vez de inundar o mercado com macrovolume, a aposta é em menos peças, mais impacto. Publicar menos, com mais intenção, com voz clara e com propósito — isso se torna vantagem competitiva.

6. Narrativas que caminham para o escapismo

Quando o mundo parece saturado de barulho e informação, o público busca alívio, fuga, entretenimento com significado. Marcas que ajudam as pessoas a “escaparem” — seja com reforço emocional, histórias imersivas ou experiências — terão destaque.


Como aplicar essas tendências

  • Planejamento com propósito: Antes de criar, defina o que sua marca representa, quais valores não se negociam, e como seu conteúdo reforça isso todos os dias.
  • Testar rápido, ajustar constantemente: Não espere campanhas perfeitas. Lança, experimenta, aprende e reajusta.
  • Capacitar pessoas internas como criadores: Seu time, colaboradores e até clientes podem virar cocriadores ou defensores da marca.
  • Construir ecossistemas de marca: Criar espaços próprios (comunidades, apps, grupos fechados) onde você conversa direto com seu público.
  • Menos “broadcast”, mais diálogo: Em vez de mensagens unilaterais, busque contornos participativos — permita coautoria, feedback e envolvimento real.
  • Uso consciente de IA e automação: Empregue essas tecnologias para tarefas repetitivas, análise de dados, escala — mas mantenha o núcleo estratégico criativo nas mãos humanas.

A estética muda — e com ela, o engajamento

Os feeds saturados de vídeos de dublagem, carrosséis com dicas recicladas e cenas fabricadas por IA estão perdendo força. Em 2026, o público começa a valorizar o que parece imperfeito, mas genuíno. O que é estranho, mas criativo. O que é simples, mas profundamente humano.

Essa nova estética, chamada por alguns de “anti-otimizada”, rejeita o perfeccionismo visual das redes e aposta em autenticidade estética. Vídeos gravados com celular, textos com emoção real, imagens com “defeitos” visuais — tudo isso passa a gerar mais conexão do que campanhas milimetricamente produzidas.

A volta do conteúdo de valor real

Durante anos, o conteúdo foi criado para agradar ao algoritmo: mais cliques, mais visualizações, mais ganchos forçados, mais listas de “5 dicas para…”. Mas agora, a maré vira.

As marcas mais relevantes de 2026 estão produzindo conteúdo que realmente ensina, transforma, entretém ou emociona. Blogs voltam a crescer. Newsletters se tornam cobiçadas. E vídeos longos, profundos e bem roteirizados estão ganhando espaço novamente — inclusive nas plataformas curtas.

É o momento de investir em formatos que:

  • Educam com profundidade
  • Inspiram com verdade
  • Estimulam comunidade
  • Promovem ação com consciência

O marketing como espaço de cura e criatividade

Diante de anos de hiperprodutividade, saturação digital e desinformação, o marketing passa a assumir um novo papel: o de curador, não de vendedor. Marcas que atuam como filtros do excesso, que oferecem clareza em vez de mais ruído, estão se destacando.

2026 nos convida a repensar a função da comunicação: não apenas atrair cliques, mas construir resiliência cultural e mental.

É por isso que conceitos como “slow content”, “design regenerativo” e “branding sensível” estão crescendo. O marketing do futuro é mais gentil, mais intencional, mais emocionalmente inteligente.


O que você pode fazer agora

Para preparar sua marca e seus conteúdos para essa nova era, comece com esses passos práticos:

  1. Revise sua estratégia de conteúdo: está otimizando para algoritmos ou para pessoas?
  2. Reduza o volume. Aumente a intenção: menos postagens, mais impacto.
  3. Trabalhe com criadores humanos reais: valorize visões criativas singulares, mesmo que não “perfeitas”.
  4. Invista em canais próprios e relações diretas: redes alugadas não são patrimônio.
  5. Teste novos formatos de conteúdo com alma: cartas abertas, bastidores reais, entrevistas honestas, séries em áudio ou vídeo.
  6. Use IA com inteligência emocional: automatize o que não exige alma, mas deixe o coração criativo para humanos.

Conclusão: o marketing está voltando a ser humano

2026 está mostrando que a grande saturação do marketing digital pode, sim, dar lugar a uma nova era: mais humana, mais significativa e mais prazerosa de criar e consumir.

Estamos entrando na era da desintoxicação digital do conteúdo. A “unshittification” é uma resposta coletiva a anos de exagero, superficialidade e excesso de promessas vazias.

Se sua marca conseguir acompanhar esse movimento, investindo em verdade, criatividade e conexão, você estará não apenas acompanhando tendências, mas ajudando a construí-las.