Nova identidade global de marca após quase 25 anos

Uma grande empresa do setor de alimentos e bebidas revelou uma nova identidade global de marca pela primeira vez em quase 25 anos, refletindo o que a empresa define como sua evolução para um modelo mais “moderno e orientado para o futuro”.

O que muda

A reformulação inclui:

  • um logotipo renovado;
  • uma nova paleta de cores;
  • uma tipografia personalizada em minúsculas, concebida para transmitir acessibilidade e o “espírito centrado no consumidor” das marcas da empresa.

Por que a mudança agora?

O redesenho visa destacar a amplitude do portfólio da empresa — que engloba mais de 500 marcas diferentes.
Além disso, a iniciativa surge após pesquisa interna que mostrou que apenas 21% dos consumidores eram capazes de citar uma marca da empresa além da marca principal.
A mudança também representa um passo significativo para unificar a identidade corporativa com as marcas voltadas ao consumidor.

Elementos da nova identidade visual

O novo logotipo coloca no centro a letra “P”, que simboliza os valores norteadores da empresa no futuro, como a centralidade no consumidor, sustentabilidade e ótimo sabor.
A estrutura ao redor dessa letra remete a formas simbólicas que representam alimentos, bebidas, natureza, além de transmitir leveza e proximidade.
A paleta de cores foi inspirada no “mundo real” — nos solos que nutrem os alimentos, nas bebidas refrescantes, nos tons que refletem o compromisso com pessoas e planeta.
A tipografia minúscula, por sua vez, foi adotada para transmitir uma sensação de acessibilidade, alinhando-se ao espírito mais “centrado no consumidor”.
O ícone de “sorriso”, simples e universal, foi inserido para reforçar a missão da empresa de gerar “mais sorrisos a cada gole e a cada mordida”.

Implementação

O rollout da nova identidade ocorrerá gradualmente, em diversos mercados e pontos de contato: embalagens, plataformas digitais e ambientes corporativos estão entre os meios previstos.

Contexto histórico

A companhia surgiu há cerca de 60 anos, a partir da fusão de duas marcas icônicas. Desde então, ampliou-se para operar com mais de 300 000 colaboradores em mais de 200 países.
Apesar dessa evolução, a identidade corporativa permanecia praticamente inalterada há quase 25 anos.

Implicações para o marketing e branding

Para profissionais de marketing, essa reformulação apresenta alguns pontos de atenção interessantes:

  • A necessidade de garantir que a nova identidade comunique claramente a amplitude do portfólio e não apenas o “nome principal”.
  • O desafio de manter a consistência da identidade em diversos canais e geografias, especialmente com rollout gradual.
  • A oportunidade de reforçar uma narrativa centrada no consumidor, mais acessível e emocional, por meio de design visual mais aberto e amigável.
  • A conexão entre identidade visual e propósito: neste caso, valores como sustentabilidade, inovação e alegria foram incorporados ao design — algo que o público atual exige cada vez mais.
  • A transição da identidade corporativa para refletir uma “família de marcas”, em vez de uma única marca dominante, e o impacto disso em estratégias de posicionamento, arquitetura de marca e comunicação de portfólio.

O que profissionais de branding podem aprender com essa transformação

Reformular uma identidade global após 25 anos exige mais do que estética: é um exercício de estratégia, percepção e coerência. Essa mudança reforça um ponto essencial no marketing contemporâneo — a identidade visual é o reflexo tangível da cultura e propósito de uma marca. Quando o mercado, a tecnologia e os valores sociais evoluem, o design precisa acompanhar.

As principais lições que essa transição oferece aos profissionais da área incluem:

1. Design como ferramenta de posicionamento

O novo design não é apenas um logotipo atualizado, mas uma declaração de posicionamento corporativo. As curvas, tipografias e cores foram projetadas para transmitir movimento, fluidez e conexão — três conceitos fundamentais para empresas que desejam mostrar inovação e empatia com o público.
Essa abordagem mostra que a estética é, antes de tudo, uma linguagem estratégica, capaz de traduzir o propósito de uma marca em segundos.

2. Modernidade sem ruptura

Ao revisitar um símbolo consolidado, a marca buscou equilíbrio entre o legado e o futuro. O novo visual preserva elementos reconhecíveis, mas com uma interpretação mais digital e contemporânea.
Trata-se de um exemplo de evolução, não revolução, uma tática importante quando o objetivo é manter familiaridade sem parecer ultrapassado — um desafio constante para empresas com décadas de história.

3. Identidade adaptável a múltiplos contextos

Em tempos de omnicanalidade, o design precisa funcionar com a mesma força em uma embalagem física e em um aplicativo móvel.
A nova identidade foi pensada sob esse princípio: consistência visual em qualquer ambiente, seja em vídeos, displays digitais, merchandising ou redes sociais.
Isso reforça a importância de criar identidades escaláveis e responsivas, otimizadas para diferentes formatos e resoluções, sem perder impacto.


Tendências que influenciam as novas identidades corporativas

A atualização recente não é um caso isolado. Grandes marcas globais vêm modernizando seus visuais com base em três tendências predominantes no branding contemporâneo:

1. Minimalismo emocional

O minimalismo deixou de ser apenas “menos é mais” e passou a valorizar o design emocional.
As novas identidades apostam em linhas limpas e cores suaves, mas também buscam transmitir proximidade, empatia e otimismo — características essenciais em um mercado saturado de mensagens frias e automatizadas.

2. Design inclusivo e acessível

As tipografias minúsculas e formas arredondadas refletem uma estética mais acolhedora e democrática.
Além da legibilidade, há uma preocupação crescente com acessibilidade digital — especialmente em interfaces onde contrastes, espaçamento e hierarquia visual influenciam a experiência do usuário.
Isso mostra que a inclusão é também uma decisão de design, não apenas uma política corporativa.

3. Narrativas sustentáveis

As cores inspiradas na natureza e nos elementos orgânicos sinalizam o esforço de muitas marcas para visualizar seu compromisso ambiental.
Atualmente, consumidores buscam identificar, em segundos, se uma marca é sustentável — e o design se tornou uma das formas mais diretas de comunicar essa mensagem.


A importância da coerência entre propósito e estética

Mais do que seguir tendências, o sucesso de uma nova identidade depende da coerência entre o discurso e a imagem.
Não basta comunicar sustentabilidade ou inovação se a experiência visual (e prática) do consumidor não refletir esses valores.
Por isso, a reestruturação da identidade corporativa vem acompanhada de uma narrativa estratégica: cada cor, linha e tipografia serve a um propósito específico.

Esse tipo de realinhamento reforça o papel do branding como instrumento de confiança e credibilidade.
Quando bem executado, o redesign se transforma em um ponto de inflexão na trajetória da marca — não apenas uma mudança estética, mas uma renovação de propósito.


Conclusão: identidade visual como expressão de futuro

A nova identidade global analisada aqui é um exemplo claro de como o design pode se tornar um catalisador de transformação cultural e comercial.
Em um mundo onde as marcas competem por atenção, consistência e relevância, a clareza visual tornou-se um ativo estratégico.
Mais do que um novo logotipo, trata-se de uma reinterpretação simbólica de valores — uma tentativa de traduzir em linguagem visual o que significa ser moderno, humano e sustentável em 2026.

Para profissionais de publicidade, marketing e tecnologia, o aprendizado é direto:

o design não é o ponto final de uma estratégia de marca — é o seu ponto de partida.