Como aproveitar o marketing de influência para alcançar públicos que o Meta não permite mais segmentar

As recentes mudanças no sistema de segmentação do Meta estão reescrevendo as regras da publicidade digital. Desde 31 de março de 2025, a plataforma removeu a funcionalidade de exclusão de segmentações detalhadas em campanhas ativas no Ads Manager. Isso significa que anunciantes não podem mais bloquear interesses ou comportamentos específicos — uma tática que antes ajudava a reduzir gastos desnecessários e aumentar a eficiência.

Em maio de 2025, o Meta deu outro passo importante: em vez de permitir aos anunciantes selecionarem interesses de nicho como “corrida de trilha”, “treinos HIIT” ou “fitness doméstico”, essas categorias foram consolidadas em grupos mais amplos, como “fitness e bem-estar”. A granularidade diminuiu, e os anunciantes são cada vez mais forçados a confiar nos sistemas de entrega algorítmica do Meta.

Para marcas que antes dependiam da precisão do Meta para segmentação, essas atualizações representam uma mudança profunda. Mas elas também abrem a porta para uma oportunidade frequentemente subestimada: o marketing de influência.


Por que o marketing de influência resolve o problema de segmentação do Meta

  1. Precisão por meio da comunidade
    Embora o Meta tenha removido a microsegmentação, os influenciadores constroem comunidades naturalmente bem definidas, com afinidades e interesses compartilhados. Seus seguidores representam exatamente os perfis que os anunciantes agora têm dificuldade em atingir por meio das ferramentas da plataforma.
  2. Autenticidade em vez de algoritmos
    Em vez de depender de IA para “adivinhar” quem pode estar interessado, o conteúdo dos influenciadores alcança pessoas que optaram por seguir aquele criador. Essa relação de confiança torna as campanhas mais persuasivas e fidedignas.
  3. Conteúdo que performa bem no algoritmo
    Os influenciadores produzem Reels curtos, Stories interativos e depoimentos autênticos — justamente os formatos que o algoritmo do Meta prioriza. Seus posts não só alcançam pessoas certas, mas também recebem impulso orgânico maior.

Estratégias para aproveitar o marketing de influência após as mudanças do Meta

  • Invista em microinfluenciadores
    Criadores menores, porém com engajamento elevado, muitas vezes refletem a precisão que o Meta costumava oferecer com sua segmentação de interesses. Por exemplo, uma marca de hidratação pode fazer parcerias com influenciadores de corrida de trilha para alcançar atletas de endurance de forma direta.
  • Construa confiança contínua com o público
    Em vez de posts patrocinados pontuais, desenvolva narrativas que se desdobrem em vários conteúdos ao longo de meses. Isso gera momentum, mantém visibilidade e permite que o algoritmo amplifique uma narrativa consistente.
  • Combine conteúdo de influenciadores com mídia paga
    Use ferramentas oferecidas pela plataforma para escalar campanhas com criadores. Ao alimentar anúncios com material gerado pelos influenciadores, as marcas conseguem unir a credibilidade da voz do criador ao alcance algorítmico — e acelerar a produção de conteúdo de forma mais eficiente do que em roteiros publicitários tradicionais.
  • Ative o engajamento da comunidade
    Estimule seguidores a participar de desafios, marcar amigos ou produzir conteúdo do usuário (UGC). Esses pontos de contato orgânico não só expandem o alcance além das novas categorias broad, mas também geram ações mensuráveis, como cliques, tráfego ao site e uso de cupons promocionais.
  • Meça além dos indicadores superficiais
    Não se limite a métricas de engajamento — acompanhe conversões em afiliados, resultados de pesquisas pós-compra e elevação de atribuição (attribution lift) para conectar diretamente as ativações de influenciadores aos resultados de negócio. Isso ajuda a compensar a opacidade de relatórios introduzida pelas mudanças no Meta.

Visão mais ampla para profissionais de marketing

A remoção das exclusões de segmentação em março de 2025 e a consolidação de interesses em maio não são mudanças pontuais — representam uma transição de controle do anunciante para a plataforma, forçando marcas a repensarem como alcançam seus públicos.

O marketing de influência surge como uma solução essencial: ao aproveitar comunidades de criadores, as marcas podem recuperar a relevância e a autenticidade que as ferramentas do Meta não oferecem mais. Agora, os profissionais de marketing devem priorizar estratégias criativas que ressoem de forma natural, em vez de depender apenas da precisão algorítmica.

A conclusão é clara: o marketing de influência deixou de ser opcional. Hoje, é uma alavanca estratégica indispensável para marcas que desejam superar as restrições de segmentação do Meta, alcançar públicos qualificados e gerar impacto mensurável.


Como alinhar o marketing de influência com a jornada do consumidor

Uma das grandes vantagens do marketing de influência é a possibilidade de criar conteúdos que dialoguem com diferentes estágios da jornada de compra. Enquanto anúncios tradicionais do Meta, com segmentação limitada, podem atingir públicos desinteressados, influenciadores têm a capacidade de conduzir o consumidor desde a descoberta até a conversão.

  • Topo do funil (descoberta)
    Posts autênticos e conteúdos aspiracionais ajudam a gerar reconhecimento de marca. Um influenciador de lifestyle, por exemplo, pode apresentar um produto em meio ao seu dia a dia, despertando curiosidade sem parecer invasivo.
  • Meio do funil (consideração)
    Tutoriais, comparativos e avaliações de influenciadores aproximam a marca do consumidor e respondem dúvidas comuns. Essa etapa é fundamental para construir credibilidade e reduzir barreiras de compra.
  • Fundo do funil (conversão e fidelização)
    Ações como cupons exclusivos, links rastreáveis e lives interativas criam senso de urgência e direcionam para a decisão final de compra. Além disso, estimulam a recompra e fortalecem a fidelidade.

Tendências que vão moldar o marketing de influência em 2025 e além

  1. Conteúdo de nicho ultrapreciso
    Mesmo com o Meta reduzindo a segmentação, influenciadores de nicho continuarão crescendo em relevância. Marcas que buscarem autenticidade terão mais sucesso ao investir em criadores que dominam comunidades específicas.
  2. A ascensão do conteúdo em vídeo curto
    Reels e TikToks são hoje os formatos de maior alcance orgânico. Trabalhar com influenciadores que dominam storytelling em poucos segundos será essencial para superar a perda de alcance dos anúncios tradicionais.
  3. UGC profissionalizado (conteúdo gerado pelo usuário)
    Não se trata apenas de estimular seguidores a postar, mas de transformar esse conteúdo em ativos para campanhas pagas. O UGC, quando bem estruturado, gera mais confiança que um anúncio produzido em estúdio.
  4. Integração com IA e automação
    Ferramentas de inteligência artificial estão sendo usadas para identificar influenciadores ideais, prever resultados de campanhas e até sugerir formatos de conteúdo mais adequados ao público de cada criador.

Boas práticas para potencializar campanhas de influenciadores

  • Seleção estratégica de criadores: avalie métricas de engajamento real, compatibilidade de valores e a audiência do influenciador, indo além do número de seguidores.
  • Transparência e compliance: siga as diretrizes do CONAR e sinalize parcerias de forma clara. Isso fortalece a confiança entre marca, criador e público.
  • Testes A/B com criadores: experimente diferentes influenciadores para entender quais narrativas trazem maior impacto em cada fase da jornada de compra.
  • Relacionamentos de longo prazo: parcerias contínuas geram mais consistência do que ativações pontuais. Isso cria identificação genuína do público com a marca.

Conclusão

Com as mudanças recentes no Meta, o marketing digital entra em uma nova era: menos segmentação controlada pelo anunciante e mais dependência de algoritmos. Nesse cenário, o marketing de influência se consolida como uma estratégia indispensável, capaz de entregar precisão, autenticidade e performance.

Ao investir em influenciadores certos, estruturar campanhas alinhadas à jornada de compra e adotar práticas de mensuração avançadas, marcas podem não apenas contornar as limitações do Meta, mas também conquistar resultados superiores em engajamento, conversão e fidelização.

O futuro do marketing de influência não é mais uma aposta — é uma realidade que redefine a forma de fazer publicidade digital em 2025.