A inteligência artificial generativa está chegando para a publicidade — o que o setor de moda precisa saber?

Empresas de tecnologia estão desenvolvendo ferramentas para que os profissionais de marketing tornem e-mails personalizados e campanhas visuais mais eficientes. Essa é a mais recente investida da IA generativa no radar da moda.

Ferramentas que agilizam a criação criativa

  • Uma plataforma de redes sociais anunciou que, a partir de julho, disponibilizará ferramentas de IA que permitem criar imagens de fundo a partir de texto (semelhante a DALL·E e Midjourney), gerar várias proporções das mesmas imagens (para Stories, Reels) e produzir variações de texto para anúncios.
  • Outra gigante de tecnologia está introduzindo ferramentas que geram imagens de estilo “lifestyle” a partir de fotos de produtos, removem fundos e aumentam a resolução de imagens pequenas.
  • Uma solução de marketing automatizada passará a oferecer e-mails personalizados (implantação prevista para outubro), criação de ativos visuais contextuais para campanhas multicanais e descrições de produtos alinhadas ao perfil do cliente (com início no mês seguinte).
  • Uma plataforma de e-commerce permitirá agora criar descrições de produtos usando IA conversacional. E uma grande provedora de nuvem disponibilizou a construção de bots generativos personalizados para seus clientes.

Por que isso importa para a moda

  • Se antes uma campanha exigia um planejamento estático, agora é possível testar, iterar e aprender com a IA e, assim, criar múltiplas versões de anúncios rapidamente.
  • A geração automática de e-mails e textos para web, com base em dados próprios dos consumidores, permite oferecer recomendações altamente personalizadas — como sugerir produtos complementares a quem comprou uma bolsa e está viajando no verão.
  • A personalização tende a se tornar uma expectativa do público e a escalabilidade dessas ferramentas representa um grande facilitador.

Benefícios observados

  • Um estudo mostrou que mais da metade dos profissionais de marketing já testaram IA generativa, e 71% acreditam que ela aumentará sua produtividade, economizando cerca de cinco horas por semana.
  • Em uma marca de moda íntima, ferramentas internas de IA economizaram cerca de 30 horas por mês em criação de textos.
  • Estimativas indicam que a receita gerada por ferramentas de IA pode chegar a centenas de bilhões de dólares nos próximos anos, com os anúncios digitais impulsionados por IA sendo um dos maiores impulsionadores de receita incremental.

Cuidados éticos, legais e estratégicos

  • Há riscos claros: cópia não autorizada, erros factuais e substituição de funções criativas que atualmente são humanas.
  • Algumas empresas adotam filtros para conteúdo ofensivo, padrões de revisão e metadados nas imagens geradas — além de técnicas como watermarking para rastrear origem.
  • A maior responsabilidade continua sendo dos anunciantes: deve-se garantir originalidade, evitar violações de direitos autorais e manter a criatividade como diferencial.
  • Com o uso mais difundido dessas tecnologias, é esperada uma onda de regulamentação e litígios que definirão limites futuros.

O equilíbrio entre IA e criatividade humana

IA generativa possibilita ir mais rápido e com mais testes, mas não substitui o toque humano. O desafio está em usá-la para amplificar a criatividade — e não para substituí-la —, preparando a nova geração de profissionais para aproveitar essa tecnologia de forma estratégica.


Como a IA generativa está moldando a publicidade multicanal

A possibilidade de criar rapidamente variações de uma mesma campanha abre portas para estratégias multicanal mais sofisticadas. Anúncios podem ser adaptados em tempo real para diferentes plataformas — como Instagram, TikTok, YouTube e sites de e-commerce — respeitando as especificidades de formato, linguagem e comportamento do usuário em cada canal.

Um mesmo conceito criativo pode gerar:

  • Stories verticais animados para Instagram, com texto adaptado para linguagem informal;
  • Vídeos curtos para Reels ou TikTok, com edição automatizada e inserção de elementos visuais baseados em tendências;
  • Banners responsivos para e-commerce, com imagens geradas por IA a partir de produtos reais;
  • E-mails personalizados, que alteram a oferta, o visual e o tom conforme o comportamento de cada consumidor.

Essa abordagem, conhecida como criatividade dinâmica, torna a comunicação mais responsiva, permitindo testes A/B e otimização contínua com menor custo e maior agilidade.


O impacto no trabalho das equipes criativas

Embora o uso de IA possa levantar receios sobre a substituição de funções humanas, o mercado está caminhando para um modelo de colaboração criativa entre humanos e máquinas. O papel dos profissionais criativos passa a ser mais estratégico:

  • Briefings se tornam prompts: redatores e designers devem aprender a escrever comandos eficazes para extrair o melhor das ferramentas de IA.
  • Curadoria e direção artística: mesmo que a imagem seja gerada por IA, a direção estética, o alinhamento com a marca e a mensagem continuam sob responsabilidade humana.
  • Revisão e refinamento: peças automatizadas ainda requerem revisão técnica e ajuste fino, especialmente para evitar erros culturais ou éticos.

O foco, portanto, não está em substituir a criatividade, mas em aumentar a produtividade e ampliar possibilidades criativas — inclusive para pequenas empresas e equipes enxutas.


O futuro da publicidade com IA generativa

À medida que as ferramentas se tornam mais acessíveis e potentes, é provável que vejamos uma revolução na forma como as campanhas publicitárias são concebidas e executadas. Entre as tendências mais promissoras, destacam-se:

  • Campanhas personalizadas em massa, com textos e visuais únicos para cada consumidor;
  • Interações conversacionais em tempo real, por meio de chatbots com linguagem natural integrados a experiências de marca;
  • Experiências imersivas, como realidade aumentada e vídeos interativos gerados por IA;
  • Análise preditiva de performance criativa, combinando dados de campanhas anteriores com simulações geradas por IA.

Mas o sucesso dessa nova era dependerá da capacidade das marcas e profissionais em equilibrar automação com autenticidade. Ferramentas poderosas exigem responsabilidade, sensibilidade cultural e um olhar humano aguçado para o que realmente conecta com as pessoas.


Conclusão

A IA generativa não é uma ameaça ao marketing — é uma aliada estratégica para quem sabe usá-la com inteligência. No setor de moda e em toda a indústria criativa, seu potencial vai muito além da automação: ela pode abrir portas para narrativas mais relevantes, campanhas mais ágeis e experiências mais conectadas ao consumidor.

Adotar essa tecnologia com responsabilidade, manter a centralidade do humano nas decisões criativas e investir em capacitação são os primeiros passos para construir marcas mais fortes na era da inteligência artificial.