As novas condições do CapCut: o que criadores precisam saber

No dia 12 de junho de 2025, o CapCut, plataforma popular de edição de vídeo, divulgou uma atualização importante em seus Termos de Serviço. Se você produz conteúdo e utiliza essa ferramenta, essas mudanças merecem atenção — afetam direitos autorais, licenciamento e o uso que a plataforma pode fazer das suas produções.

Quais direitos o CapCut reivindica sobre meu conteúdo?

Com os novos termos, a plataforma pode:

  • Usar, modificar e distribuir seu material
  • Criar obras derivadas
  • Monetizar o conteúdo sem notificá-lo ou pagar qualquer remuneração
  • Sublicenciar seu material para terceiros (por exemplo, plataformas de anúncio)

Essas mudanças são especialmente problemáticas para quem depende de monetização baseada em licenças ou que administra seus direitos autorais de forma estratégica para parcerias.

O CapCut passa a “possuir” meus vídeos?

Não — em teoria, você continua detendo os direitos autorais. No entanto, ao fazer upload ou editar no CapCut, você concede a eles uma licença ampla para usar o conteúdo da forma que desejarem, em todo o mundo e sem pagamento. Isso pode conflitar com a proteção de marca ou com acordos de exclusividade para criadores.

Eles podem vender meu conteúdo sem me avisar?

Sim. A plataforma e suas afiliadas (como a controladora) podem:

  • Utilizar seu conteúdo em anúncios, promoções ou publicações patrocinadas
  • Vender ou republicar seu material em plataformas externas
  • Fazer tudo isso sem avisar você, dar crédito ou remuneração

Para criadores que negociam com marcas ou mantêm exclusividades, isso representa um risco considerável.

Por quanto tempo vale a licença concedida?

A licença concedida é:

  • Perpétua (não tem prazo final)
  • Global (vale em todo o mundo)
  • Sublicenciável (a plataforma pode repassar esses direitos a outros)

Isso significa que mesmo que você exclua um vídeo ou desative sua conta, o CapCut ainda poderá usar seu conteúdo indefinidamente.

Eu renuncio a direitos pessoais?

Sim. Ao usar o CapCut, você:

  • Perde o direito de revisar ou aprovar como seu conteúdo será usado
  • Permite o uso do seu nome, imagem e semelhança
  • Aceita ser identificado como criador sem receber pagamento

Esses pontos têm impacto direto para quem trabalha com contratos de influenciador, produção de mídia e marketing de conteúdo.

Plataformas com termos semelhantes

O CapCut não é o único. Outras plataformas como:

  • TikTok
  • YouTube
  • Instagram
  • Canva

também incorporam cláusulas que concedem licenças globais, isentas de royalties, permitindo reutilizar, promover ou monetizar seu conteúdo. Realizar uma auditoria dos direitos autorais que você já concedeu pode ajudar a entender o que cada plataforma pode ou não fazer.

O que criadores podem fazer a partir de agora

Dicas para proteger seu trabalho:

  1. Exporte a versão final do seu vídeo e publique fora do CapCut, se quiser manter máximo controle
  2. Ao continuar usando o CapCut, assuma que eles podem usar seu conteúdo livremente em outras plataformas
  3. Avalie alternativas que oferecem termos mais favoráveis para criadores (editores “DIY”, ferramentas concorrentes etc.)
  4. Em colaborações, use aditivos contratuais que definam claramente quem possui os direitos
  5. Se você presta serviço a clientes, sempre acompanhe o trabalho de conteúdo com contratos ou acordos que esclareçam o licenciamento desde o início

Por que criadores de conteúdo precisam se preocupar com os termos de uso?

Quem trabalha com marketing digital, publicidade ou produção audiovisual profissional sabe que controle sobre os direitos autorais é essencial. Ao ceder licenças irrestritas a plataformas, você corre o risco de ter seu material usado sem consentimento, sem crédito e sem remuneração.

Isso pode prejudicar:

  • Negociações com marcas (exclusividades, lançamentos, campanhas sigilosas)
  • Projetos de licenciamento (trilhas sonoras, vídeos promocionais, NFTs, etc.)
  • Distribuição multiplataforma (quando o conteúdo é adaptado ou editado para outros canais)

A transparência sobre o que é cedido e o que continua sendo seu é fundamental para proteger reputação e renda.


Como os termos do CapCut impactam campanhas de marketing?

Imagine um cenário onde você cria um vídeo patrocinado para uma marca usando o CapCut. A marca assume que tem controle total sobre a distribuição. No entanto, a plataforma também detém uma licença que permite sublicenciar ou modificar esse conteúdo.

O resultado? A peça pode aparecer em:

  • Outros anúncios
  • Publicações da plataforma
  • E até em campanhas de concorrentes — sem que você ou a marca sejam informados

Esse tipo de conflito pode desvalorizar contratos publicitários, gerar disputas jurídicas e até afetar a imagem da empresa envolvida.


Dicas para marcas, agências e freelancers que usam CapCut

1. Estabeleça contratos claros

Use contratos que especifiquem:

  • Quem possui os direitos autorais do conteúdo
  • Qual plataforma será usada para edição e publicação
  • Quais licenças são permitidas ou proibidas
  • O que deve ser evitado (ex: uso em IA, reedição futura, bancos de imagem)

2. Avalie o impacto para campanhas exclusivas

Conteúdos criados para lançamentos, coleções limitadas ou eventos fechados precisam ser protegidos com cláusulas de confidencialidade e restrições de uso.

3. Considere editar offline ou com ferramentas pagas

Em projetos sensíveis, use editores que não exijam licenciamento irrestrito, ou trabalhe com softwares de edição locais onde o controle sobre o material final é 100% seu.


Conclusão: repensando onde e como editar seus vídeos

Com o avanço das plataformas e das inteligências artificiais, o conteúdo se tornou ativo estratégico — tanto para criadores quanto para empresas. A forma como você edita, publica e distribui esse material precisa ser repensada sob o ponto de vista jurídico e comercial.

Criar conteúdo incrível é só o começo. Garantir que ele permaneça sob seu controle é o verdadeiro diferencial competitivo.