OpenAI amplia o ChatGPT para uma plataforma de aplicativos — e um novo canal para profissionais de marketing

Transformar o ChatGPT em uma plataforma de aplicativos cria um novo canal de alta intenção, pelo qual os profissionais de marketing podem atingir diretamente um público de 800 milhões de usuários.

Ao incorporar aplicativos de terceiros diretamente nas respostas do ChatGPT, torna-se possível oferecer novas interações nativas dentro da conversa — uma evolução além do antigo modelo de “loja de ferramentas”. Em vez de ter que acessar ferramentas separadas, os usuários agora podem utilizar apps de marcas como Spotify, Canva, Coursera ou serviços de viagem diretamente no chat.

Como isso funciona

Os usuários podem:

  • Invocar explicitamente apps por nome (por exemplo: “Figma, transforme esse esboço em um diagrama”);
  • Contar com sugestões proativas do ChatGPT, baseadas no contexto da consulta — por exemplo, ele poderia indicar um serviço de reservas de viagem durante uma conversa sobre planejamento de férias.

Dessa forma, os aplicativos se tornam ações integradas, não apenas ferramentas externas. Tudo acontece dentro do fluxo da conversa.

A estratégia de evolução parece estar transformando o ChatGPT em um “sistema operacional conversacional”. Embora não seja um sistema operacional no sentido literal, ele está se tornando uma interface contextual, persistente e adaptável para acessar e interagir com serviços e softwares.

Por que isso importa para quem faz marketing

Para plataformas de inteligência artificial, gerar receita é essencial para sustentar seu crescimento. Um canal direto com dezenas de milhões — e que atua no momento de intenção — interessa bastante a quem quer posicionar uma marca ou serviço no momento em que o usuário realmente precisa.

Algumas vantagens potenciais:

  • Distribuição massiva no momento certo: com centenas de milhões de usuários, desenvolvedores que construírem apps nessa plataforma já alcançam visibilidade instantânea. A integração permite que sua marca apareça precisamente quando for relevante para o usuário.
  • Descoberta contextual, não via busca tradicional: ao invés de depender de procura ativa nas lojas de apps, os recursos emergem de forma orgânica conforme o usuário descreve suas necessidades. Isso permite que as marcas estejam presentes no momento de decisão, não apenas durante a navegação passiva.
  • Interatividade inline e controle de interface: o kit de desenvolvimento de apps permite que se construam experiências completas dentro do chat — desde formulários dinâmicos até conteúdos visuais. Por exemplo, um app pode exibir mapas, gerar pôsteres ou apresentar visuais diretamente na conversa.

Há indícios também de que virá um protocolo de comércio automático que permitirá checkouts instantâneos. Os detalhes de monetização ainda não foram totalmente revelados, mas já foi confirmado que desenvolvedores terão formas de gerar receita a partir de seus aplicativos.

Recentemente, foi ativada uma funcionalidade de compras dentro do chat nos EUA para adquirir produtos de vendedores do Etsy — um primeiro passo em direção ao comércio automatizado. Também há investimento na criação de ferramentas para integração com plataformas de anúncios, gestão de campanhas e atribuição em tempo real.

O que vem a seguir: mais parceiros, loja de apps e ferramentas para desenvolvedores

Apps de empresas como Uber, plataformas de fitness e varejistas estão no radar para serem adicionados em breve. Já é possível iniciar o desenvolvimento hoje, com publicação e avaliação programadas para lançamento futuro. Também está em preparação um diretório pesquisável — uma espécie de “loja de apps nativa do chat” — com maior destaque para apps que cumprirem critérios elevados de design e funcionalidade.

Essa plataforma coloca o ChatGPT em competição direta com empresas que controlam camadas de sistema operacional em dispositivos, como Apple, Google e Microsoft. Para quem trabalha com marketing, essa evolução abre caminhos inéditos para interação de marca, engajamento contextual e, possivelmente, comércio — tudo dentro de uma interface mediada por inteligência artificial.


Oportunidades estratégicas para marcas e agências

A abertura do ChatGPT como uma plataforma de aplicativos representa mais do que uma inovação tecnológica — trata-se de uma transformação profunda na maneira como consumidores descobrem e interagem com marcas no ambiente digital.

1. Nova era da intenção conversacional

Até hoje, boa parte das estratégias de marketing digital se concentravam em mecanismos de busca, redes sociais ou aplicativos próprios. A interface conversacional baseada em IA muda esse jogo: agora, é possível capturar a atenção do usuário no exato momento em que ele expressa uma intenção real — e responder com uma ação direta, sem exigir cliques adicionais.

Exemplo: um usuário pode dizer “preciso de um logotipo simples para meu negócio” e o app de design da sua empresa pode ser invocado imediatamente, oferecendo uma solução integrada.

2. Personalização em tempo real com IA

A experiência com apps dentro do ChatGPT é moldada por contexto, histórico e preferências do usuário. Isso significa que marcas poderão adaptar suas respostas, produtos e ofertas em tempo real — um salto importante em relação ao marketing tradicional, que depende de jornadas predefinidas e funis estáticos.

As possibilidades incluem:

  • Recomendação de produtos baseadas em conversas anteriores;
  • Atendimento inteligente com proposta de soluções customizadas;
  • Suporte técnico proativo com ativação automática de apps relevantes.

3. Desintermediação dos canais tradicionais

Com a integração direta via IA, o consumidor pode pular etapas da jornada tradicional — como navegar em um site, baixar um app ou buscar por comparações. Isso representa uma ameaça a plataformas de busca e marketplaces tradicionais, mas uma oportunidade para marcas que desejam conquistar mais controle sobre a experiência.

Ao estar presente nesse novo ecossistema, empresas reduzem sua dependência de mídia paga e algoritmos de redes sociais, acessando o cliente de forma direta e assistida por IA.


O futuro da presença de marca é conversacional

Nos próximos anos, as marcas mais bem-sucedidas serão aquelas que aprenderem a construir experiências dentro desses novos canais de interação mediada por inteligência artificial.

Isso exigirá:

  • Design conversacional: adaptar a linguagem da marca a fluxos naturais de conversa;
  • Integração técnica: criar apps simples, responsivos e úteis dentro do ambiente do ChatGPT;
  • Visão de produto: transformar soluções existentes (como CRMs, e-commerces, cursos, consultas, reservas) em experiências fluidas e acessíveis via chat.

Não se trata mais apenas de “ter presença digital” — e sim de estar no centro das decisões e ações do consumidor, no exato momento em que ele verbaliza uma necessidade.


Conclusão

O ChatGPT, ao evoluir para uma plataforma de aplicativos conversacionais, se consolida como uma nova camada de interface entre usuários e marcas. Para o marketing, isso representa uma nova avenida de engajamento — mais personalizada, imediata e orientada à ação.

Marcas que se anteciparem a essa mudança e começarem a explorar a criação de apps integrados à IA terão uma vantagem competitiva significativa, tanto na descoberta quanto na conversão.