Publicidade em TV: Linear, TV Conectada, OTT e mais

Introdução

A primeira propaganda exibida na televisão foi da marca Bulova em 1º de julho de 1941, na emissora WNBT. Em 1946, surgiu o primeiro comercial veiculado nacionalmente nos EUA, da Ford.

Na Europa, inicialmente a TV deveria ser livre de anúncios, mas os custos de produção e transmissão eram altos — o que levou as emissoras a vender espaço publicitário.

Os primeiros comerciais eram bem estáticos: predominância de texto sobre imagem, e os anúncios eram exibidos repetidamente. Nos anos 1960, começaram a surgir peças mais elaboradas com humor, referências sociais e políticas. Na década de 1980, a MTV trouxe foco ao público jovem, e nos anos 1990 surgiram os estudos de segmentação e os primeiros conglomerados midiáticos. A partir dos anos 2000, a comunicação com o público ficou mais direta e inclusiva, abordando até temas considerados tabus.

Com o avanço da tecnologia, surgiram novos formatos de publicidade em televisão.


Publicidade em TV Linear

Tratam-se de anúncios exibidos em grade fixa via TV a cabo ou satélite. O consumidor não tem controle, não pode pular propagandas e os anúncios são entregues sem segmentação individual.

Nos EUA, no primeiro trimestre de 2018, 88% dos adultos assistiam TV linear semanalmente. Em 2019, esse impacto caiu em torno de 4,4%, com expectativa de queda de até 21% até 2025.

Mesmo com esse declínio, há soluções que combinam TV linear com compra programática, permitindo alguma forma de segmentação — conhecido como TV linear programática (PLTV).


Publicidade Direcionada (Addressable TV)

Esse formato busca exibir anúncios diferentes para diferentes domicílios que assistem ao mesmo programa simultaneamente. A segmentação pode ser com base em dados comportamentais, demográficos ou geográficos.


Publicidade OTT e CTV

  • OTT (Over-the‑Top): anúncios exibidos em serviços de streaming via internet.
  • CTV (Connected TV): anúncios entregues em televisores inteligentes, consoles de jogos e dispositivos de streaming conectados à internet.

Esses formatos costumam ser comprados via acordos diretos ou marketplaces privados (PMP), por serem considerados inventário premium.

Métodos de inserção de anúncios:

  • CSAI (Client‑Side Ad Insertion): o anúncio é pré-carregado no player ou solicitado a um servidor externo. Pode causar interrupções e ser bloqueado.
  • SSAI (Server‑Side Ad Insertion): os anúncios são integrados ao vídeo na origem, oferecendo experiência mais fluida.

Publicidade HbbTV

A HbbTV (Hybrid Broadcast Broadband TV) permite anúncios interativos via aplicações especiais acessadas por internet e controle remoto. O usuário pressiona um botão quando visualiza um sinal (como um ponto vermelho na tela), ativando conteúdo adicional ou anúncio via URL específica da aplicação.


Benefícios da Publicidade em TV Conectada e OTT

À medida que o consumo de conteúdo audiovisual migra para plataformas digitais, os anunciantes têm à disposição novas vantagens estratégicas:

1. Segmentação Avançada

Diferente da TV tradicional, onde a mesma peça publicitária é veiculada para milhões de espectadores sem distinção, a publicidade em OTT e CTV permite segmentar campanhas com base em:

  • Localização geográfica
  • Faixa etária e gênero
  • Interesses e comportamento de navegação
  • Tipo de dispositivo

Essa segmentação garante melhor retorno sobre o investimento (ROI) e reduz o desperdício de impressões.

2. Medição e Atribuição Mais Precisas

Enquanto a TV linear depende de estimativas de audiência com base em amostras, os anúncios em CTV e OTT permitem análises precisas e em tempo real. Os anunciantes podem rastrear:

  • Impressões reais
  • Taxa de visualização
  • Conclusão do vídeo (View-through rate)
  • Cliques (no caso de anúncios interativos)
  • Conversões cruzadas entre dispositivos

Essa visibilidade facilita o ajuste de campanhas em tempo real e a comprovação de resultados para clientes e stakeholders.

3. Integração com Plataformas Programáticas

Muitas plataformas de publicidade digital já permitem integrar inventário de CTV e OTT às campanhas programáticas. Isso significa que o anunciante pode:

  • Automatizar lances em tempo real (RTB)
  • Unificar campanhas com outros canais (mobile, desktop, etc.)
  • Otimizar a frequência e o alcance em todos os dispositivos

Essa convergência entre TV e digital permite criar campanhas mais coesas e eficientes.


Desafios da Publicidade em Ambientes Digitais de TV

Apesar das vantagens, a publicidade em OTT e CTV também enfrenta obstáculos que merecem atenção:

1. Fragmentação de Plataformas

Existem diversos dispositivos, sistemas operacionais e serviços de streaming, o que torna a padronização dos anúncios e a mensuração dos resultados um desafio.

2. Falta de Terceiros Verificadores

Em muitos casos, os dados de desempenho são fornecidos pelos próprios veículos. A ausência de ferramentas independentes de verificação pode levantar dúvidas sobre a transparência das métricas.

3. Custo Elevado de Inventário Premium

Como o inventário em CTV é limitado e a demanda cresce rapidamente, os custos para anunciar podem ser significativamente mais altos do que em canais digitais tradicionais.


O Futuro da Publicidade em TV

O cenário da publicidade televisiva está em constante transformação. A tendência é que a TV tradicional continue cedendo espaço para soluções baseadas em IP, como a CTV e o streaming on-demand.

Além disso, o avanço da inteligência artificial e do machine learning permitirá otimizar campanhas em tempo real com ainda mais precisão, adaptando criativos, formatos e segmentações com base em comportamento individualizado.

A convergência entre TV, mídia digital e dados em tempo real deve impulsionar uma nova era de campanhas mais personalizadas, mensuráveis e integradas — e empresas que investirem desde já nesse ecossistema terão vantagem competitiva.